Início BRASIL Intolerância religiosa: empresa é condenada após suspender gerente por uso de colar

Intolerância religiosa: empresa é condenada após suspender gerente por uso de colar

Uma empresa de Porto Velho (RO) foi condenada por intolerância religiosa pela Justiça do Trabalho por ter permitido a realização de brincadeiras relacionadas ao Candomblé, religião professada por sua gerente. A colaboradora teria sido suspensa por estar usando um colar de miçangas no ambiente de trabalho.

A empresa foi autuada em junho deste ano, porém, o caso foi divulgado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 14ª Região somente na última quarta-feira (6).

Segundo nota publicada pelo tribunal, enquanto trabalhou na empresa, a ex-gerente foi alvo de piadas depreciativas sobre sua religião. Além disso, o patrão chegou a negar-lhe a folga no feriado da Sexta-feira Santa, justificando que a funcionária não era católica.

No seu julgamento, o titular da 8ª Vara do Trabalho de Porto Velho, juiz Antonio César Coelho, argumentou que a intolerância religiosa foi reconhecida ao identificar a existência do chamado preconceito recreativo e do estereótipo de gênero na conduta da empresa.

Sobre isso, o magistrado explicou em sua sentença que “nesses cenários, enquanto um dos lados se entende como estando em um momento de pura diversão, o outro se encontra como alvo de depreciação por fatores históricos, étnicos ou religiosos, com ofensas livres e conscientemente dirigidas a tudo que ela tem como sagrado.”

Quanto ao estereótipo de gênero, o magistrado disse que se trata de um conjunto de ideias socialmente construídas, atribuídas a determinados grupos.

O que diz a empresa?

Ainda de acordo com o Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região, a empresa não negou os fatos e acusações e disse que a ex-gerente “permitia brincadeiras com a sua religião.”

Sobre os fatos que envolveram a suspensão da ex-gerente pelo uso do colar de miçangas, a empresa alegou que a ex-funcionária “faltou com o respeito à sua própria religião, ao usar objetos ditos consagrados fora do ambiente da religião e com claro intuito de trazer impacto ao ambiente de trabalho”.

Além disso, informou que a punição foi necessária porque o então empregador não queria vincular a imagem do estabelecimento a uma determinada religião.

A 8ª Vara do Trabalho de Porto Velho mandou indenizar a ex-gerente no valor de R$5.100, além do pagamento de verbas trabalhistas.

*Sob supervisão de Bruno Laforé

Este conteúdo foi originalmente publicado em Intolerância religiosa: empresa é condenada após suspender gerente por uso de colar no site CNN Brasil.

RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Publicidade

Most Popular

Recent Comments