Da mesma forma que seu antecessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu um dia da semana para se dirigir ao público pela internet.
O objetivo, perfeitamente lícito do ponto de vista político, é multiplicar o alcance da palavra do presidente.
Da mesma forma que seu antecessor, o alcance desses acontecimentos digitais se multiplica pelas razões indesejáveis.
Leia mais
“Transparência”, “perda de tempo”: juristas e políticos analisam fala de Lula sobre “voto secreto” no STF
Lula cita “animosidade” contra STF e diz que “ninguém precisa saber” como os ministros votam
Marco Aurélio reage à fala de Lula sobre voto secreto no STF: “Tônica da administração pública é a publicidade”
Lula, que tem um excelente domínio do palanque, parece escorregar no ambiente informal da comunicação em tom de conversa com a audiência. O problema é que se trata de escorregões conceituais.
Desta vez, o presidente propôs que os votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal deveriam permanecer em sigilo.
Lula acha que esse “conselho” ajudaria a coibir animosidades contra os próprios ministros — a começar pela animosidade do partido dele, o PT, contra o ministro do Supremo que Lula acabou de indicar.
Mas o que Lula está desprezando é um conceito básico nos estados democráticos de direito. É o princípio da transparência da justiça e das decisões tomadas por agentes públicos, como os ministros do Supremo.
Nesse caso, comunicando sem freios o que lhe vem à cabeça, o presidente não está simplesmente falando algo errado. Ele está pensando errado.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Waack: Lula não está simplesmente falando algo errado, mas pensando errado no site CNN Brasil.