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Quem são os alvos da PCGO em operação deflagrada no Entorno do DF

Para investigar um suposto esquema de corrupção milionário na Prefeitura de Cidade Ocidental (GO), no Entorno do Distrito Federal, a Polícia Civil de Goiás (PCGO) cumpriu 32 mandados de busca e apreensão na Operação Pacto Sistêmico, deflagrada nesta terça-feira (18/3). A coluna Na Mira apurou que o principal alvo da investigação é o ex-prefeito do município Fábio Correa. Duas parentes do político também são alvos da investigação.

As contratações com suspeita de irregularidade chegaram à cifra de R$ 59.146.149,39 e foram firmadas entre 2017 e 2024, período do governo de Correa. A operação também mirou no pregoeiro do município no período, Gabriel Paixão Ribas. Segundo fontes, ele seria um personagem-chave do suposto esquema conduzindo as licitações. Ribas chegou a ser preso pela Polícia Federal em 2024, mas foi liberado.

Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos nas casas de quatro secretários municipais na gestão de Correa. Os policiais também buscaram documentos e provas empresários. Alguns já foram alvos de operações anteriores da PF e um deles chegou a ocupar um posto importante no governo de Correa. Uma das empresas suspostamente beneficiada chegou a receber R$ 33 milhões.

Fontes contaram para a coluna que o suposto esquema tinha duas formas de manter as empresas beneficiadas. A primeira seria por fraudes ou simulações nos processos licitatórios. A segunda seria por dispensa de licitação, com aditivos de contrato consecutivos, dispensando o lançamento de novos pregões e deixando a contratação mais cara. As empresas recebiam os pagamentos pelos contratos e supostamente transferiam o dinheiro por terceiros.

A Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor) é responsável pelo caso. O inquérito apura suspeitas de corrupção ativa e passiva, peculato, fraudes em licitações e contratos administrativos, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Ainda segundo a PCGO, diversos contratos de cifras milionárias formalizados entre diversas pastas da administração local com empresas ligadas direta e indiretamente a amigos e parentes do chefe do Executivo e de agentes públicos municipais foram objeto da investigação.

Veja imagens da operação:

 

Esquema

Os investigadores descobriram que empresas específicas se revezavam havia anos na adjudicação de contratos para manutenção de veículos da prefeitura; locação de automóveis; manutenção e locação de produtos de informática; obras e reformas em prédios públicos; e monitoramento de locais públicos.

Ainda segundo a Deccor, muitas das contratações teriam sido feitas por preços evidentemente incompatíveis com o de mercado, com sobrepreço, sem necessidade ou a justificativa necessária, com dispensa de licitação ou simulação de processos licitatórios, além de terem indícios de fraudes e direcionamento das contratações.

Os policiais também identificaram diversos aditivos contratuais que, supostamente, levaram a uma oneração indevida dos contratos e a manutenção deles com empresas de interesse de alguns representantes municipais. A investigação constatou irregularidades em setores como manutenção de veículos da prefeitura, locação de automóveis, informática, obras públicas e monitoramento de espaços municipais.

A PCGO detalhou que alguns dos agentes públicos envolvidos, ao longo dos anos, tiveram evolução patrimonial incompatível com a ocupação. Isso porque parte dos suspeitos passou a ostentar nas mídias sociais e eventos os prováveis resultados das ações criminosas. Alguns dos investigados seriam, inclusive, alvo de investigação na esfera federal.

As contratações com suspeitas de irregularidade teriam sido distribuídos entre 10 empresas, a maioria formada por grupos empresariais com titularidade de pessoas ligadas aos agentes públicos investigados.

Recursos municipais, estaduais e federais

O nome da operação faz alusão a um provável esquema de corrupção sistêmica em operação no município, pela verificação de irregularidades em grande parte das contratações nas pastas mais importantes da administração municipal de Cidade Ocidental. O suposto esquema teria se mantido ao longo de oito anos, movimentado tanto por recursos municipais como estaduais e federais.

A PCGO cumpriu mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), bem como quebras de sigilo bancário e fiscal contra agentes públicos de Cidade Ocidental e empresários de cidades do Entorno e, também, de Brasília.

As buscas ocorreram em Cidade Ocidental, Valparaíso (GO), no Novo Gama (GO), em Luziânia (GO) e no Distrito Federal. A operação envolveu 114 policiais civis das corporações goiana e do DF.

Posicionamento

Por meio de nota, a Prefeitura de Cidade Ocidental argumentou que as buscas não teriam envolvido órgãos ou entidades da administração municipal atual e que ficaram restritas a endereços particulares.

Além disso, o Executivo local destacou que os fatos investigados se referem a “antes do início da atual gestão, não havendo qualquer vínculo com a administração vigente”.

Outro lado

O Metrópoles tentou, mas não conseguiu localizar Fábio Correa e Gabriel Paixão Ribas. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.

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