A exploração ilegal de serviços essenciais por facções não geram apenas lucros significativos para o crime, como também fortalece o domínio de bandidoss sobre comunidades inteiras, exercendo influência, controle e medo. Essa é a fórmula adotada pelo Comando Vermelho (CV) para ampliar o leque de atuação. Além do tráfico de drogas, há um faturamento alto com o fornecimento de energia, gás e, principalmente, acesso a internet.
Investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) apontam que faccionados passaram a controlar o chamando CVNet, provedor do crime, único liberado para ser usado em comunidades controladas pelo tráfico.
Uma operação desencadeada pelas forças de segurança do Rio nesta semana descortinou como a facção atua, esticando as garras sobre o mercado de fibra ótica e fornecimento de sinal de internet. A ação ocorreu em Vicente de Carvalho, zona norte carioca, onde o controle sobre provedores de internet está sendo chamando de “licitação” — em analogia ao procedimento legal realizado pelo Poder Público. Sob a ameaça de fuzilamento, a facção proibiu o acesso de empresas às comunidades sob a égide do CV.
Durante a operação da Polícia Civil, os agentes apreenderam diversos equipamentos furtados de concessionárias que trabalham legalmente. Todo o material apreendido passará por perícia para identificar a origem e os envolvidos no esquema, incluindo fornecedores, financiadores e distribuidores dos equipamentos roubados. Quatro funcionários do provedor ilegal de internet foram conduzidos à delegacia para prestar esclarecimentos. O responsável pelo provedor não estava no local e responderá pelo crime de receptação qualificada.
Monopólio do Crime
Segundo a polícia, a operação evidencia uma tendência alarmante: organizações criminosas estão ampliando a atuação para além do tráfico de drogas, invadindo serviços essenciais como internet, energia, água e gás. Esse modelo de exploração já movimenta grandes quantias de dinheiro, usado para financiar conflitos entre facções e a conquista de novos territórios. As facções impõem monopólios sobre esses serviços, afastando empresas regulares, barrando a entrada de qualquer concorrência e extorquindo os moradores com cobranças exorbitantes.
Dessa forma, garantem não apenas altos lucros, mas também maior controle social sobre a comunidade, fortalecendo sua estrutura e ampliando o poder de confronto contra rivais e forças de segurança.
Com o controle desses serviços, os criminosos conseguem:
• Imposição de taxas aos moradores, gerando receita para financiar armas, drogas e a expansão de seu território
• Utilização da infraestrutura para fortalecer as comunicações internas do tráfico, dificultando ações policiais
• Criação de dependência da população, que se vê forçada a colaborar com as facções
• Expulsão de empresas legítimas, enfraquecendo a presença do Estado nas regiões dominadas pelo crime
Esse modelo já se espalhou por várias comunidades do Rio de Janeiro e de outras partes do país, criando um sistema altamente rentável que sustenta a perpetuação do crime organizado.