Um dia depois do governo americano criticar decisões do ministro Alexandre de Moraes, ele próprio reagiu, dizendo que o Brasil deixou de ser colônia em 1822.
Foi defendido pelo próprio presidente do STF, Luís Roberto Barroso, que aumentou o tom: “Não vai prevalecer a tentativa de fazer prevalecer a narrativa dos que apoiaram um golpe fracassado”, disse Barroso.
Assim, ao criticar decisões do STF, o governo americano estaria, então, abraçando a narrativa do grupo bolsonarista denunciado por tentativa de golpe de Estado.
O que se desenha entre Estados Unidos e Brasil não é apenas um incidente diplomático. As relações bilaterais azedaram bastante no contexto político no qual o governo americano assumiu as dores das Big Techs e das forças políticas que enxergam na regulação dessas plataformas nada mais do que cerceamento da liberdade de expressão.
No Brasil, essa regulação será feita provavelmente pelo Judiciário — o alvo de deputados americanos trabalhando em conjunto com políticos da oposição brasileira.
Por sua vez, enxergam nas pressões contra o STF, oriundas dos Estados Unidos, aquilo que, nos velhos filmes de faroeste, era a salvação trazida por uma carga da cavalaria do Exército americano.
O Executivo entrou com gosto nessa briga e seu irresistível apelo ao patriotismo.
Fatores geopolíticos favorecem a escalada dessa situação. O Brasil já era alvo do governo americano por suas posturas no grupo dos Brics, além das velhas disputas protecionistas.
Desceu pelo ralo, virou pó a esperança de que pragmatismo e negociação ajudassem a resolver problemas entre Estados Unidos e Brasil.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Waack: Política deteriora relações entre Brasil e EUA no site CNN Brasil.