O motociclista de aplicativo Thiago Marques Gonçalves, preso por engano após ser confundido com um ladrão por um policial militar reformado, disse querer Justiça após ter a soltura determinada nesta terça-feira (25) no Rio de Janeiro.
“Me sentindo mal. Mas estamos aqui correndo atrás da Justiça. A Justiça vai ser feita por mim, pela minha família, pelo Igor e pela família do Igor”, afirmou. O estudante de publicidade Igor Melo de Carvalho, que foi baleado pelo PM durante a ação, segue internado e estável no Hospital Estadual Getúlio Vargas. Ele é conhecido por administrar a página “Informe Botafogo”, com cerca de 20 mil seguidores, e notícias sobre o time de futebol. A Justiça também encerrou a custódia dele no hospital.
A CNN apurou que Igor havia solicitado uma viagem por aplicativo para voltar para casa após o expediente na segunda-feira (24). No meio do caminho, na região da Penha, zona Norte da capital, o policial militar atirou nas costas após confundi-lo com um suspeito de roubo.
No relato feito na porta da delegacia, Thiago contou que mesmo após argumentar com a esposa do policial de que não eram os suspeitos, ela seguiu os acusando. “Ela continuava me acusando, não quis me ouvir. Me jogou para nada. Me tirou como um bandido”, disse. “Eu implorei para que ela olhasse para o meu rosto e visse que não fui eu que assaltei ela”, afirmou o motociclista.
Os advogados Carlos Nicodemos e Rodolfo Xavier, que representam Thiago Marques, disseram que foi revertida uma situação de injustiça com a soltura do rapaz e que uma investigação foi aberta para apurar a conduta do policial.
“Aqueles que são autores de um disparo responderão por uma investigação que foi aberta a pedido, não só da juíza do processo, como também da Secretaria de Segurança Pública”, explicou Nicodemos. “A gente sai com a sensação de que as instituições funcionaram e reverteram uma situação de injustiça que se aplicava em relação a esses dois jovens”, ressaltou o advogado.
Ainda segundo o advogado da vítima, os disparos tiveram “uma motivação racial”. “Os disparos foram dados evidentemente por uma motivação racial. Eram duas pessoas pretas, e a partir desse critério os disparos foram feitos”, disse.
Nicodemos também pediu uma revisão nos métodos de identificação de suspeitos no estado. “É preciso repensar os mecanismos de reconhecimento e identificação, para evitar que um trabalhador se ajoelhe e faça uma súplica para que ele não seja ali falsamente reconhecido”
Após a primeira decisão favorável da Justiça, o advogado afirmou que a família vai avaliar a proposição de uma ação cível contra o policial militar e a esposa.
Em tom de desabafo, Thiago pediu Justiça ao final da entrevista. “Complicado trabalhar 10 horas por dia ou até mais, minha família me conhece, pessoal que tá sempre comigo sabe o tanto que eu ‘ralo’, para chegar no final do dia ainda ser acusado como ladrão”, disse. “A gente só quer Justiça”, afirmou.
Este conteúdo foi originalmente publicado em “A gente só quer Justiça”, diz motociclista preso por engano no RJ no site CNN Brasil.