Nísia Trindade, de 67 anos, foi demitida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do Minsitério da Saúde, nesta terça-feira (25), após dois anos à frente da pasta.
Natural da capital fluminense em 1958, Nísia se graduou em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) em 1980.
Tornou-se mestre em Ciência Política, pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) — atual Instituto de Excelência em Saúde Pública (Iesp) –, em 1989, e doutora em Sociologia pela mesma instituição, em 1997.
Ministério
Os dois anos da gestão de Nísia contaram com a implementação de programas e investimentos na telemedicina no Sistema Único de Saúde (SUS).
Um deles é o Programa Brasil Saudável, implementado em 2023, com o objetivo de eliminar e controlar “doenças socialmente determinadas”, como tuberculose, hanseníase, HIV e malária.
O programa contou com um investimento de R$ 386 milhões. Entre suas ações estão oficinas de planejamento e monitoramento, certificações de eliminação de doenças, ampliação do acesso a diagnóstico e tratamento, além de parcerias interministeriais para “reforçar o cuidado a populações vulneráveis”.
Outro ponto de enfoque é o investimento na telessaúde por meio da inclusão do setor no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo. O projeto integra o “SUS Digital”, com a expectativa de implementação de teletriagem, teleconsultas e telediagnóstico pelos municípios do país.
Ainda nesta terça, o governo anunciou a primeira vacina nacional de dose única contra dengue. As doses somam 60 milhões e devem começar a ser disponibilizadas em 2026, com possibilidade de ampliação.
Primeira mulher a presidir a Fiocruz e papel da pandemia
Além de ter se tornado a primeira mulher a chefiar a pasta da Saúde, Nísia também assumiu o pioneirismo de liderança feminina ao chegar ao comando da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição estatal de ciência e tecnologia vinculada ao Ministério da Saúde, em 2017.
Nísia ficou no cargo até 2022. Durante seu mandato, liderou a instituição na pandemia de Covid-19.
Foi responsável pela criação da rede transdisciplinar que realiza pesquisas e sistematiza dados epidemiológicos, o Observatório Covid-19. O programa tinha como objetivo divulgar e monitorar informações sobre o novo coronavírus e seus impactos sociais em diferentes regiões no Brasil, para servir de base para a criação de políticas públicas.
Nísia também co-presidiu o Grupo Diretor de Recuperação Econômica, um dos cinco grupos diretores criados para ajudar no desenvolvimento de pesquisas feitas pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a reabilitação após o Covid-19.
Anteriormente, também chegou a gerir a Casa de Oswaldo Cruz — unidade da Fiocruz voltada para pesquisa e memória em ciências sociais, história e saúde — entre 1998 e 2005.
Ela foi eleita membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) na categoria Ciências Sociais em dezembro de 2020. Em janeiro de 2022, ingressou na Academia Mundial de Ciências para o avanço da ciência nos países em desenvolvimento, a TWAS.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Quem é Nísia Trindade, demitida por Lula do Ministério da Saúde no site CNN Brasil.