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Paciente baleada por patrão tem a vida salva por equipe do Hospital de Base

Oscelina Moura de Oliveira, 45 anos, recebeu alta da equipe médica nesta terça-feira (25). Ela estava internada no Hospital de Base do Distrito Federal desde o dia 16 de janeiro, quando foi baleada pelo delegado da Polícia Civil do DF e seu próprio patrão, Mikhail Rocha e Menezes. Emocionada, Oscelina declarou: “Vocês são anjos enviados por Deus. Todos aqui são maravilhosos. Conheci tanta gente boa que não consigo lembrar todos os rostos. Mas cada um cuidou de mim com amor”.

Após passar por pelo menos três procedimentos cirúrgicos, Oscelina foi para casa com poucas sequelas do acontecimento que poderia ter tirado a sua vida: ela ainda não consegue caminhar sozinha e está com uma bolsa de colostomia. “Vou continuar vindo ao hospital para acompanhamento no ambulatório. O doutor até brincou com meu esposo, dizendo que agora sou mais dele. Tenho uma bolsinha para minhas necessidades, mas se tudo der certo, logo me verei livre dela”, conta.

Após passar por pelo menos três procedimentos cirúrgicos, Oscelina foi para casa com poucas sequelas do acontecimento que poderia ter tirado a sua vida | Foto: Divulgação/IgesDF

Renato Lins, chefe do Trauma do Hospital de Base, explica. “O tratamento dela ainda não terminou. Ela precisará de um novo procedimento para a retirada da bolsa, mas, neste momento, o melhor é que ela tenha um tempo de recuperação fora do ambiente hospitalar”, disse.

Lins lembra como foi receber o caso de Oscelina. “Soubemos do acontecimento pela televisão antes mesmo de receber as pacientes. No momento da chegada, ela já se encontrava em estado grave. Fizemos o primeiro atendimento, solicitamos exames complementares, incluindo tomografia de abdome, e identificamos a necessidade imediata de uma cirurgia devido à gravidade das lesões encontradas”, conta.

De acordo com o médico, as lesões em vários órgãos exigiram cuidados intensivos no pós-operatório. “O trabalho em conjunto foi essencial. Desde o primeiro atendimento até a recuperação, tivemos uma equipe multidisciplinar envolvida: cirurgiões, intensivistas, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, entre outros. A passagem dela pela UTI foi fundamental, pois, após uma cirurgia grande, o paciente passa por uma fase de piora antes de começar a melhorar”, contou.

Ainda segundo Lins, a estrutura do hospital foi essencial para o sucesso do tratamento. “Precisamos realizar reintervenções cirúrgicas e tivemos salas disponíveis sempre que necessário. Esse suporte completo fez toda a diferença na recuperação dela”, reforçou, orgulhoso do sucesso.

O Corpo de Bombeiros Militar do DF prestou os primeiros socorros e levou Oscelina de helicóptero ao Hospital do Paranoá, por ser o mais próximo de onde ela estava

Milagre

Oscelina relembra como tudo aconteceu no fatídico dia. “Quando cheguei no trabalho pela manhã, eu tinha tomado o café com o meu filho, que precisei levar comigo aquele dia. De repente, escutei os gritos da minha patroa batendo na porta e pedindo socorro. Eu saí desesperada e, quando vi, ele já tinha baleado ela. Logo depois, ele virou a pistola para mim e apontou para as minhas costas. Eu tentei fugir para onde meu filho estava escondido, mas só escutei a pancada nas costas e senti a dor queimando”, conta.

Foi o filho de Oscelina que socorreu a mãe como pôde. “Deus usou ele naquele momento. Ele pegou a blusa de frio dele e colocou nos ferimentos para estancar o sangue. Eu fiquei lá até meu esposo chegar. Meu filho perguntou: “Mamãe, o que eu faço?” e eu disse: “Vai lá, pega o telefone na bolsa, preciso ligar para o seu pai.”

Davi Roque Ribeiro, 52 anos, esposo de Oscelina, recebeu a ligação e entrou em desespero. “Você não tem ideia do que eu passei. É como se eu estivesse vivendo na terra, mas meu corpo estivesse fora dela. Foi uma sensação muito estranha, uma mistura de dor profunda por ela e revolta. Foi um momento de terror”, conta Davi.

O Corpo de Bombeiros Militar do DF prestou os primeiros socorros e levou Oscelina de helicóptero ao Hospital do Paranoá, por ser o mais próximo de onde ela estava. Porém, após perceberem que o caso era muito grave, decidiram trazê-la para o Hospital de Base, gerido pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), e que possui um serviço multidisciplinar exclusivo dedicado à Cirurgia do Trauma.

Oscelina lembra o momento em que voltou a ter consciência do que estava acontecendo. “Quando acordei, estava na UTI, e perguntei o que tinha acontecido, pois lembrava da cena do tiro. Meu esposo me contou e eu agradeci a Deus por estar viva”, conta.

Particularmente para Davi, o segundo dia de internação foi o mais difícil. “Quando vim visitá-la, fui recebido pela equipe médica, que me explicou que a situação era muito grave e de alto risco. Eles me perguntaram se eu estava preparado para vê-la e me ofereceram acompanhamento psicológico. Mas eu quis enfrentar a situação sozinho. Quando entrei no quarto e a vi muito inchada, foi um choque. Seu rosto estava irreconhecível. Naquele momento, eu temi perde-la, hoje recuperada e indo para casa, a felicidade toma conta da família. “O dia mais feliz, sem dúvida, foi hoje, na alta dela. É uma alegria imensa, e estou sem palavras para descrever. Só gratidão!”, emociona-se.

Davi aproveitou a oportunidade para elogiar o atendimento recebido no Hospital de Base. “Da equipe médica à zeladoria, o atendimento é maravilhoso. Estou aqui dentro há 40 dias acompanhando minha esposa e só tenho elogios. Todos são muito educados, carinhosos e trabalham com amor. No Hospital de Base, a equipe não trabalha apenas por profissionalismo, mas com dedicação e coração, e isso faz toda a diferença para o paciente e para a família também”, garante Davi.

Lins também aproveita para comemorar com toda a equipe do Hospital, a recuperação de Oscelina. “A alta do paciente é o momento que nos motiva. A Oscelina passou por vários setores do hospital e todos perguntam por ela. Quando vou visitar outros pacientes na UTI, por exemplo, a equipe pergunta por ela. Muitos profissionais acompanharam cada etapa, e ver essa recuperação é muito gratificante”.

*Com informações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF)

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