Uma mãe e a filha dela registraram boletim de ocorrência após sofrerem um golpe de uma empresa administradora de consórcios, no Distrito Federal.
A autônoma Rayssa Alves, 18 anos, contou ao Metrópoles que, em 2 de dezembro, um vendedor da filial de Taguatinga da Multimarcas Consórcios ofereceu serviços da empresa à jovem e à mãe dela.
“Nós deixamos claro que não estávamos interessadas em um consórcio, mas que aceitaríamos uma carta de crédito para comprar uma casa”, contou Rayssa.
O vendedor, então, teria concordado com a condição das clientes e oferecido uma carta de crédito de R$ 150 mil, após suposta aprovação bancária. “Então, demos uma entrada de R$ 5,8 mil e combinamos de pagar R$ 808 por mês, durante 17 anos”, detalhou Rayssa.
O combinado com a empresa era de a família ser contemplada com a carta 10 dias após a assinatura do acordo. No entanto, a data chegou, e o dinheiro esperado não foi recebido.
“Disseram que, em 12 de dezembro, estaríamos com nossa carta de crédito na mão. Falaram para só nos preocuparmos em procurar nossa casa. Quando a data chegou, pediram que esperássemos três dias úteis. Depois, falaram: ‘Espera mais um pouco’. Assim, estamos esperando até hoje”, criticou a autônoma.
Contrato digital
A espera seguiu até o último dia 9. Nessa data, a família entrou novamente em contato com a empresa e recebeu outra resposta: os vendedores disseram que a mãe e a filha tinham, na verdade, aderido a um consórcio, não comprado uma carta de crédito.
Como as duas haviam deixado claro desde o início que não aceitariam uma proposta de consórcio, elas reclamaram da notícia. “Eles alegam que sabíamos, que o erro foi nosso, que deveríamos ter prestado atenção no contrato”, relatou Rayssa.
Assim, as duas consideram ter sido enganadas, especialmente porque não receberam contrato físico. “Pediram apenas para que assinássemos uma página digital em branco, em um celular; depois, mandaram um acordo por e-mail, com essa assinatura recortada e colada. Não chegamos a pegá-lo nem ler página por página”, completou a jovem.
Prejuízo e descaso
Além de não receberem a carta de crédito de R$ 150 mil, mãe e filha perderam os R$ 5,8 mil que haviam dado como entrada, em dezembro.
Agora, elas esperam o ressarcimento, enquanto a 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) investiga o caso. “Minha mãe luta contra um câncer há cinco anos, e eu tenho um filho de 5 meses. Não deveríamos estar passando por isso. Conseguiram estragar nosso sonho da casa própria”, lamentou Rayssa.
A advogada Rafaela Talya, que representa a família, destacou que houve propaganda enganosa. “O caso levanta dúvidas especialmente quanto às práticas comerciais da empresa. Não houve transparência nem cumprimento legal do que se tratava ou do que minha cliente queria”, argumentou.
“Eles reutilizaram a assinatura da Rayssa, e isso é um ato ilícito. E ela não saiu com o contrato na mão, que é um dos principais erros de toda essa questão”, continuou a advogada, que disse ter buscado as medidas judiciais cabíveis.
Em resposta ao Metrópoles a defesa da Multimarcas Consórcios informou que a empresa “não tinha conhecimento da insatisfação da cliente”. “Vamos entrar em contato para solucionar o problema”, concluiu.