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Sargento do pó tentou se defender alegando que ia a motel fazer orgias

Quando o militar condenado da Força Aérea Brasileira (FAB) foi questionado sobre suas idas a um motel no Núcleo Bandeirante na investigação dos 39kg de cocaína em comitiva presidencial, Manoel Silva Rodrigues (foto em destaque) negou que o local fosse usado para repassar as drogas, mas somente para fazer orgias.

No depoimento prestado em Sevilha, na Espanha, o ex-sargento alega que tinha “mania” de ir a motel com amigos do Grupamento de Transportes Especial, “pois tinha uma vida sexual muito ativa, com orgias, essas coisas, mas não tem a ver com drogas”.

A investigação, contudo, entendeu que o argumento não era válido, já que o militar contava à esposa sobre a ida ao motel, que é uma mulher definida como ciumenta. As autoridades disseram que a droga era repassada por um outro militar de codinome “Flamengo”.

“A rede hoteleira é comumente utilizada por traficantes para diversos fins. Dentre eles, está a preparação de transportadores de drogas – mulas. À vista disso, conhecendo o perfil do investigado e as circunstâncias da viagem ao Azerbaijão, acredita-se que ele foi para o motel a fim de receber o entorpecente”, detalha a denúncia do Ministério Público Militar.

Os investigadores começaram a suspeitar do motel como um ponto de passagem das drogas depois de encontrar uma mensagem da esposa do ex-sargento perguntando a ele sobre um pente com a logo do motel que estaria na mochila dele. Nessa linha de investigação, ela seria cúmplice no tráfico.

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“Manoel, sereno, confirma [à esposa] que pegou o item no citado motel, depois a adverte, pois tinha avisado sobre ter ido ao local antes da viagem para o Azerbaijão. A ida de Manoel a um motel, com o conhecimento de sua esposa, que se mostra nas mensagens ser uma pessoa ciumenta, intrigou a equipe de investigação”, afirma o processo que correu no Superior Tribunal Militar (STM).

Manoel usou o motel como parte do esquema de tráfico em pelo menos duas ocasiões: em 28 de abril de 2019 e em 25 de maio do mesmo ano. Em 29 de abril, Manoel viajou internacionalmente para o Azerbaijão e fez escala em Madri – capital da Espanha. Foi nessa ocasião que ele teria deixado o pente do estabelecimento na mochila, chamando a atenção da esposa.

Relembre o caso do sargento FAB:

    • Manoel Silva Rodrigues fazia parte de uma comitiva com 21  militares que acompanhava a viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) a Tóquio, no Japão, para reunião do G20;
    • Antes de partir da Base Aérea de Brasília, Manoel recebeu a droga em um motel, no Núcleo Bandeirante;
    • Ele foi preso no aeroporto de Sevilha, na Espanha, com 39 kg de cocaína na mala;
    • A droga foi avaliada em 1.306.695 euros, o equivalente a R$ 6.399.083,62 na época;
    • Em 2022, o ex-sargento foi condenado a 14 anos de prisão pela Justiça Militar. O sargento recorreu;
    • Em 2024, o STM não só manteve a condenação como a aumentou para 17 anos.

A investigação sobre um segundo celular para ser usado no tráfico começou a ser considerada após a polícia identificar em outra troca de mensagem com a esposa.

O ex-sargento utilizou a linha telefônica nova para mandar mensagem à esposa se passando por outra pessoa para testar a fidelidade da companheira. Ela percebeu o truque e quis saber se o marido comprou o aparelho para mandar mensagens a outras mulheres em suas viagens. Segundo a investigação, o telefone seria usado para combinar os repasses de drogas.

As apurações apontaram para outras pessoas envolvidas, inclusive militares da FAB, mas somente Manoel foi condenado.

No fim de 2024, o Superior Tribunal Militar, última instância de apelação para militares, manteve a condenação do ex-sargento pelo crime de tráfico e aplicou a pena de 17 anos de reclusão. O Metrópoles entrou em contato com a defesa dele, que não se manifestou.

Militares condenados com drogas

O agora o ex-sargento é apenas um dos 641 militares condenados nos últimos sete anos por envolvimento com drogas, conforme revelou o Metrópoles. De 2018 a 2024, o STM condenou integrantes do Exército, da Aeronáutica e da Marinha.

Os dados das condenações foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), com o detalhamento do tipo penal e das patentes dos envolvidos.

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