Um Projeto de Lei Complementar (PLC) de combate à desigualdade ambiental na capital da República foi protocolado na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
De autoria do deputado Fábio Felix (PSol), a proposta, elaborada a partir de dados da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), requer a garantia de proteção solar, conforto térmico aos pedestres em todas as Regiões Administrativas do DF, a incrementação – em quantidade e qualidade a arborização urbana, além da criação de ações em áreas com indicadores socioeconômicos e populacionais mais precários.
De acordo com a tabela da Novacap, nos anos de 2023 a 2024 foram plantadas 7.841 árvores no Plano Piloto, em contraste com apenas 18 em Santa Maria e 16 em Samambaia, por exemplo. Já cidades como Riacho Fundo, Recanto das Emas e Gama não receberam nenhuma arborização nesse mesmo período.
O Metrópoles sobrevoou endereços na Asa Sul, no Plano Piloto, e no Sol Nascente, em Ceilândia. O contraste de áreas verdes nas duas regiões é expressivo.
Veja:
- Asa Sul
- Sol Nascente
A Novacap diz que “o Distrito Federal ainda não dispõe de um inventário das áreas verdes de forma que seja possível elaborar um índice preciso referente a arborização em cada Região Administrativa”.
A proposta ainda será analisada no Plenário da Casa Legislativa.
“Sensação térmica mais amena”
No fim de 2024, a reportagem questionou o Instituto de Meteorologia se as altas temperaturas do Distrito Federal podem ser sentidas de maneiras diferentes dependendo da região da unidade da Federação. Em resposta, o Inmet disse que áreas ou regiões com mais árvores apresentam sensação térmica mais amena, sim: “Sobretudo, quando se trata de grandes árvores que produzem sombras. No caso de vegetação rasteira, protege o solo de receber diretamente a radiação solar ao longo do dia”.
Segundo o biólogo e professor do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB) Reuber Brandão, não há uma preocupação estatal com planejamento de áreas verdes em regiões consideradas mais pobres.
“Racismo ambiental é um conceito complexo, que tem sido útil para explicar a maior exposição das populações mais pobres – não necessariamente de descendentes de povos escravizados – aos efeitos de mudanças climáticas. Mas é fato que não há preocupação com o estabelecimento de áreas verdes onde os moradores são de menor poder aquisitivo”, pontuou o especialista.
De acordo com o docente, se há mais árvores próximas às casas das pessoas, maior é a sensação de conforto térmico.