Familiares, amigos e autoridades se despediram, nesta segunda-feira (17/2), da estimada matriarca da família Meireles, Elcy Meireles. Aos 94 anos, a pioneira de Brasília, sempre lembrada por ser fonte de inspiração, força, alegria e integridade, morreu no domingo (16/2) após uma parada cardiorrespiratória. Ela estava internada no Hospital Sírio-Libanês.
Dona Elcy foi velada no Santuário e Paróquia Nossa Senhora de Fátima – Freis Capuchinhos, na 906 Sul. Com os corações apertados de saudade e emoção, os três filhos de dona Elcy: Cleucy Estevão, Claudia Meireles e Paulo César; o genro Luiz Estevão, a quem considerava um filho, além dos netos e bisnetos prestaram homenagens à matriarca.
“Nunca levantou a voz nem pronunciou uma palavra nem de leve grosseira para qualquer pessoa com quem ela tenha vivido. Fazia isso de uma maneira definitiva, com a beleza, a ternura e a firmeza do olhar, e o sorriso que nunca tirava do rosto. Nunca a víamos triste. É impossível corresponder a tudo que ela deu para nós”, relembrou Luiz Estevão.
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Na missa em homenagem a Elcy, o empresário fez um discurso tocante representando a família e ressaltando o legado de sua sogra. O genro enfatizou todo o amor recebido. Ele conviveu com dona Elcy por cinco décadas, o que considerou um privilégio.
“Também agradeço por ter me dado o maior dos presentes, a magnífica e monumental Cleucy”, disse. “Ontem, ela se despediu na presença dos filhos e minha. Seu coração imenso lentamente parou de bater e ela foi se apresentar a Deus. A única coisa que invade o coração é agradecer a todos que vieram nos consolar”, concluiu.
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Uma mulher referência em Brasília
Durante todo o dia, amigos e autoridades fizeram questão de dar um último adeus e oferecer todo o carinho e acolhimento para fortalecer a família de dona Elcy em um momento tão difícil. “Hoje, Brasília se despede de uma de suas grandes pioneiras. Dona Elcy deixa um legado de dedicação e carinho com a nossa cidade. Foi uma grande mulher. Neste momento de dor, me solidarizo com todos os familiares e amigos, e peço a Deus que conforte o coração de cada um”, declarou a primeira-dama do Distrito Federal, Mayara Noronha.
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Amigos desde 1962, quando chegou a Brasília, o senador Edison Lobão reafirmou a importância da pioneira na construção e no desenvolvimento da cidade. “É um exemplo para a capital que ela e o marido ajudaram a construir”, disse. “O Luiz Estevão, genro de dona Elcy, integrou a família anos depois e ajudou neste legado”.
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O desembargador Roberval Belinati, 1º Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), também destacou a herança deixada pela pioneira. “Teve uma trajetória marcada pelo compromisso inabalável com sua família e com a sociedade do Distrito Federal. Sua memória permanecerá viva pelo amor, generosidade e acolhimento que sempre se dedicou ao próximo, sendo exemplo de caridade e altruísmo”.
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O ex-senador Gim Argello destacou que a mineira e o marido, Cleto Meireles, contribuíram para Brasília ser o que é. “Uma referência. Uma pessoa que sempre ajudou a todos”, disse.
Ao lado da esposa, Miranda Castro, o deputado federal Gilvan Máximo (Republicanos-DF) compareceu à despedida. Ele destacou a relação de anos que mantém com a família e lamentou a perda. “Por onde ela passava, era muito respeitada por todos, inclusive pela minha família, que tínhamos uma amizade grande com ela. Lamentamos a perda, mas sabemos que ela deixou legado e muitos exemplos para nós.”
A deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania-DF) também despediu-se de dona Elcy. “Com certeza, ela era uma mulher desbravadora. Porque, à época em que Brasília foi construída, ainda vivíamos em uma sociedade de predominância masculina, e ela era uma mulher além do tempo. Não tem como falar da história dos 65 anos da nossa capital federal sem mencionar a história dessa família”, comentou a parlamentar.
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Richard Dubois, concessionário da Arena BRB Estádio Mané Garrincha, contou das vezes em que encontrou com a pioneira em shows e jogos esportivos. “Ela tinha uma energia e uma força interior. Sempre animada, uma pessoa com a mentalidade para cima”, disse. Dubois comentou ainda que dona Elcy deixou uma geração de pessoas boas, realizadoras. “Acho que ela deve estar seguramente, onde estiver, olhando por nós com uma visão de missão cumprida”.
Diretor-presidente da CEB Ipes, Edison Garcia participou da despedida. Ao Metrópoles Garcia se emocionou ao relembrar dos momentos vivenciados ao lado da família Meireles. “Eu os conheci na 105 Sul, quando eu era menino, moramos no mesmo bloco. A dona Elcy e o senhor Cleto fazem parte da história da minha família, em Brasília. Realmente, é uma perda muito grande. A dona Elcy sempre foi uma pessoa doce, querida e carinhosa. A gente sente que perde um pouco do nosso passado”, pontuou.
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Vida eterna e abençoada
À tarde, o frei Claudio conduziu uma linda e emocionante celebração, como dona Elcy, grande devota de Santa Teresinha do Menino Jesus, merecia. A missa, que teve a bela participação da grupo Toccata, conduzido por Kátia, teve início com uma procissão de entrada dos familiares da pioneira segurando flores, que foram deixadas no caixão. Com palavras de conforto aos parentes e amigos, o religioso fez questão de exaltar os frutos colhidos por ela ao longo da vida.
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Giovanna Estevão Resende, uma dos 11 bisnetos da pioneira, fez a proclamação da primeira leitura. Na homilia, o padre falou sobre manter a fé e de relembrar com carinho dos momentos felizes vividos na presença da estimada familiar e amiga Elcy.
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Finalizada a cerimônia, os presentes seguiram para o cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, onde receberam uma rosa vermelha para prestar uma última homenagem. Ao som de um violino, sob muitos aplausos, dona Elcy foi sepultada na ala dos pioneiros da capital federal. Realizado pela Bom Samaritano, o processo funerário foi à altura da grandiosa matriarca.
Certamente, ela, que cativou a todos com sua ternura, doçura e companheirismo, deixou saudades, e também o legado digno de uma mulher forte e determinada.
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Eternamente lembrada pela doçura
Suave, meiga e delicada. É assim que Janete Vaz, cofundadora do Sabin Diagnóstico e Saúde, descreveu a amiga. “Tenho um carinho especial. Foi um exemplo de pessoa que deixou o seu legado, a sua missão cumprida.”
“A Elcy era sinônimo de bondade, de elegância e de alegria”, ressaltou Guiomar Feitosa Mendes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Emocionada, Guiomar lamentou não ter convivido ainda mais com a amiga. “A gente acaba que não convive tanto quanto gostaríamos com quem gosta e admira”.
“Era uma grande mulher”, descreveu Mônica Oliveira, esposa do deputado federal Eunício Oliveira. Ela fez questão de homenagear dona Elcy e relembrou as várias visitas à casa da pioneira. “Sempre com um sorriso largo e afável. Era uma unanimidade, todo mundo a respeitava”, salientou.
Afeto como marca registrada
Cativados pela doçura da pioneira, pessoas queridas prestaram homenagens à mineira. Claudia Salomão, amiga de longa data, comentou que as duas tinham uma relação de admiração mútua. “Ela me elogiava, me admirava, e eu a ela”, disse. Entre as muitas memórias que ficam, Claudia recordou com carinho como dona Elcy tinha sempre um elogio a fazer. “Vou sentir falta. Era uma pessoa de personalidade muito forte, embora fosse muito sociável”.
Para Cleuza Ferreira, a lembrança mais marcante de Elcy é o seu amor e sua dedicação pela família, mas que também se estendiam à sociedade brasiliense. “Era agradável estar com ela. Nunca deixou de ter um sorriso, uma palavra de carinho. Era uma mulher muito discreta, que é uma qualidade maravilhosa”, descreveu.
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Com ternura, Moema Leão lamentou que perdeu uma grande amiga. As duas se conheceram nos anos 1970 e desde então mantiveram firmes os laços. “Eu tinha uma admiração enorme por ela. E isso foi praticamente a vida inteira, que são os 50 anos de amizade.”
Ana Maria Gontijo tem, em sua memória, o último encontro com dona Elcy. “Foi em um show que a Cleucy me convidou. Era do Gipsy Kings. Ela estava na primeira fileira, muito feliz. Era algo que ela gostava”, contou. A relação que a pioneira construiu com os amigos e, principalmente, com a família ficaram como legado da matriarca. “Ela curtia muitos os netos e bisnetos”, acrescentou Ana Maria.
Vânia Carvalho listou as marcas registradas da amiga. “Sua alegria, simpatia e bom humor. Sempre disposta a dar uma palavra de carinho”, afirmou. “Uma grande perda para todos nós”.
Para Soraia Debs, a mineira será lembrada por sua beleza, vaidade e elegância. “Ela vai deixar muita saudade e uma presença marcante na sociedade brasileira”.
Daniela Perboni afirmou ter certeza que dona Elcy deixou uma semente plantada no coração de cada um dos familiares. “Que eles continuem cultivando essa essência e levando adiante. Ela era merecedora de todo esse amor”, frisou.
Amigo da família desde os tempos da adolescência, o maestro Claudio Cohen lembrou com afeto os dias em que era recebido na casa de dona Elcy. “Muito simpática, recebia a gente com muito carinho, gostava de conversar. Era uma pessoa com a energia positiva e muito serena”.
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O cabelereiro Ohara Jorge salientou a relação afetuosa e de confiança que construiu com a pioneira desde o primeiro encontro. “Foi crescendo no decorrer de todos esses anos em que acompanho a família”, pontuou.
A estilista Maria Virgínia conviveu muito de perto com Elcy desde o tempo em que chegou à capital federal. Emocionada, ela lembrou que costumava fazer vestidos em couro para a amiga. Uma sempre visitava a casa da outra. Inclusive, foi Maria Virgínia quem fez o vestido de noiva da neta da pioneira Ilca Maria Estevão.