Após a ação criminosa do delegado Mikhail Rocha, que atirou contra a esposa e outras duas mulheres nesta quinta-feira (16/1), o Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) manifestou repúdio ao pronunciamento do major Raphael Broocke. O porta-voz da Polícia Militar do DF (PMDF) concedeu entrevista sobre a prisão do delegado realizada por PMs. A Associação dos Oficiais da PMDF (Asof-PMDF), por sua vez, também se mostrou descontente por conta da manifestação do Sinpol-DF.
Na visão do Sinpol, o major da PMDF agiu de maneira irresponsável e inadequada, utilizando o caso para autopromoção enquanto comentava a prisão do delegado, que estava afastado de suas funções na Polícia Civil do DF (PCDF) por problemas de saúde mental. “Embora a prisão esteja alinhada com os trâmites legais e os crimes cometidos sejam objeto de apuração pela PCDF, a conduta e as declarações do major destoaram do profissionalismo e do respeito que a situação exige”, afirmou o sindicato.
A entrevista de Raphael Broocke ocorreu por volta das 12h na frente do Departamento de Polícia Especializada (DPE), onde fica o complexo da PCDF e para onde o delegado foi conduzido após a prisão. “É inaceitável que um profissional em cargo de liderança, como o de major e porta-voz da PMDF, se posicione com tamanha falta de respeito e sensibilidade em relação a um colega com quem compartilha as responsabilidades, os desafios e os deveres da segurança pública”, finalizou o Sinpol. A organização também lamentou os crimes em outra nota.
Após a manifestação do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), foi vez da Associação dos Oficiais da PMDF se pronunciar sobre as críticas contra o major: “Lamentamos profundamente a tentativa do Sinpol-DF de distorcer a postura de um oficial da PMDF, promovendo ataques que não contribuem para a harmonia e a cooperação entre as forças de segurança pública do Distrito Federal”.
Além disso, a Asof saiu em defesa das ações do major. “É importante ressaltar que o major Broocke, em sua função de porta-voz da PMDF, não agiu em causa própria, mas sim no cumprimento de seu dever institucional de informar a sociedade de forma clara, verídica e responsável. Em sua declaração, o major retratou os fatos conforme apurados pelas equipes da PMDF e atuou com o profissionalismo exigido de sua posição”, classificou.
Prisão do delegado
Imagens obtidas pela coluna Na Mira mostram o momento em que o delegado Mikhail Rocha foi preso em flagrante, por volta das 10h desta quinta-feira (16/1), no Lago Sul.
A prisão foi efetuada por equipe do Batalhão de Policiamento de Choque (Patamo), com apoio do Grupo Tático Motociclístico (GTM) 25, ambos da PMDF.
Em período de aproximadamente uma hora, o policial civil atirou na esposa, Andréa Rodrigues Machado e Menezes, 40; na empregada da família, Oscelina Moura Neves de Oliveira, 45; e na supervisora de enfermagem Priscilla Pessôa Rodrigues, 45.
Entenda a linha do tempo do ocorrido:
- Por volta das 9h10 desta quinta-feira (16/1), o delegado Mikhail atirou contra a esposa, Andréa Rodrigues Machado e Menezes, 40 anos, e a empregada da família, Oscelina Moura Neves de Oliveira, 45;
- Minutos depois, ele e o filho, de 7 anos, saíram do Residencial Santa Mônica, no Setor Habitacional Tororó, em um Volkswagen Polo preto;
- Os dois seguiram rumo ao Pronto-Socorro do Hospital Brasília, no Lago Sul, onde o delegado atirou contra a supervisora de enfermagem Priscilla Pessôa Rodrigues, 45;
- Mikhail teria disparado após chegar e exigir atendimento de saúde para o filho, que estaria vomitando;
- O delegado fugiu do hospital e, por volta das 10h, foi preso em flagrante pela PMDF, que conseguiu rastrear o veículo do agressor ainda no Lago Sul;
- O delegado e demais testemunhas ligadas ao caso foram levados à Corregedoria da PCDF para prestar depoimento;
- As informações eram de que o policial civil estaria em surto.
Por meio da placa do automóvel, os policiais militares conseguiram rastrear o Volkswagen Polo preto do delegado após ele deixar o Pronto-Socorro do Hospital Brasília, no Lago Sul, onde Mikhail baleou Priscilla.
As equipes acompanharam o veículo até a QL 23 do Lago Sul, próximo à subida para o Jardim Botânico. Ao ser abordado, o policial civil, que estava acompanhado do filho de 7 anos, não apresentou resistência.