O advogado e especialista em direito digital Paulo Vidigal disse, nesta terça-feira (7), em entrevista à CNN que a mudança de checagem de fatos da Meta deve ser expandida globalmente.
A empresa dona do Facebook, Instagram, WhatsApp e Threads — encerrou nesta terça-feira (7) seu programa de checagem de fatos nos Estados Unidos. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o dono da companhia, Mark Zuckerberg, explicou a decisão como um meio para evitar a censura.
“Em relação a organizações multinacionais, como no caso da Meta, há uma tendência de que essas empresas busquem uma abordagem mais humanizada nas regiões em que elas atuam”, disse Vidigal ao CNN Prime Time (segunda a sexta-feira, às 20h).
“Às vezes é muito difícil você ter um padrão regional diverso para cada região em que uma empresa global atua, então de certo modo, me parece uma expectativa justa e esperada que a gente tenha sim uma propagação dessas práticas em um contexto global, não só nos Estados Unidos”, prosseguiu.
No lugar da checagem, Zuckerberg disse que o modelo de Notas da Comunidade, presente hoje no X (antigo Twitter), será adotado. Usuários do Facebook, Instagram e Threads poderão chamar a atenção para publicações potencialmente enganosas e que possivelmente precisam de mais contexto.
Diferença entre os modelos
Vidigal explica a diferença entre os dois modelos. Um tem o apoio de empresas e o outro é feito pelos próprios usuários.
“De um lado você tem a política que a Meta vinha empregando, a de checagem de fatos, que basicamente combina meios manuais e automatizados”, afirma o advogado sobre a identificação conteúdos potencialmente impróprios nas redes da empresa. “Esses conteúdos normalmente são identificados pela reação do usuário e pela velocidade de propagação.”
Os conteúdos são reunidos de forma automatizada com apoio de empresas terceirizadas, que decidem se o conteúdo deve ser banido ou ter seu alcance reduzido, por exemplo.
Já o modelo de notas é “mais pautado na reação dos próprios usuários das plataformas”, prossegue o especialista.
“Você permite que os usuários taxem as postagens e adicionem notas àquelas postagens. Então eles podem dizer, ‘essa informação parece enganosa por conta disso, veja essa fonte.’”
Apesar das diferenças, o especialista acredita que os dois modelos são padrões possíveis de transparência no contexto das plataformas digitais: “Os dois modelos são válidos, eu não diria que eles denotam por si só uma maior ou menor responsabilidade, acho que eles são diferentes, mas funcionam com algum controle, não diria que eles denotam por si só uma maior ou menor responsabilidade.”
Situação no Brasil
Segundo informações do analista de política da CNN Caio Junqueira, o Ministério Público Federal (MPF) vai oficiar a Meta após as declarações de mudança de Zuckerberg sobre as novas regras.
A informação foi confirmada à CNN pelo MPF, que quer saber se a empresa americana pretende estender o encerramento da checagem também no Brasil.
Os ofícios devem ser anexados encaminhados ao inquérito civil que apura a responsabilidade das big techs.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Expectativa é que mudança seja global, diz especialista à CNN sobre decisão da Meta no site CNN Brasil.