Jackson Nunes de Souza, 19 anos, acusado de ter envolvimento no assassinato de João Miguel Silva (foto em destaque), morto aos 10 anos, foi solto nesse sábado (26/10), após encerramento do prazo da prisão temporária.
O carroceiro estava preso desde 27 de setembro, quando confessou ter ajudado a enterrar o corpo da criança em uma fossa, em área vegetação próxima à passagem entre o bairro Lucio Costa (DF) e o Guará 1 (DF).
A coluna Na Mira apurou que, na última quarta-feira (23/10), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) pediu à Justiça que a prisão de Jackson fosse convertida em preventiva.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) se pronunciou favoravelmente ao pedido, na noite de sexta-feira (25/10). Contudo, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) não se manifestou sobre o requerimento dentro do prazo, e Jackson acabou liberado da prisão, devido ao fim do prazo definido para a reclusão temporária.
Caso fechado: veja passo a passo do assassinato brutal de João Miguel
Jackson responde pelos crimes de ocultação de cadáver e corrupção de menores. Se condenado, ele pode receber pena de até 15 anos de prisão. A namorada dele, uma adolescente de 16 anos que confessou ter asfixiado João Miguel, e um dos irmão do carroceiro, também de 16 anos e envolvido no crime, seguem internados no Sistema Socioeducativo no Distrito Federal.
Crime premeditado
As investigações da PCDF revelaram que os assassinos de João Miguel planejaram o crime após suspeitar que a criança tivesse cometido furtos contra os criminosos e por causa de um cavalo dos suspeitos que o menino teria perdido.
Integrantes da 8ª Delegacia de Polícia (SCIA) descobriram das supostas desavenças entre Jackson e João Miguel no dia em que o corpo da criança foi encontrado, em 13 de setembro. “Não há qualquer ocorrência registrada na Polícia Civil que confirme a prática desses furtos contra os suspeitos, mas eles relataram que a vítima teria levado bomba d’água, cigarros, narguilé, galinhas, além de ter perdido um cavalo”, comentou, à época, a delegada-chefe da DP, Bruna Eiras.
Os policiais também suspeitaram que o carroceiro pudesse ter envolvimento no crime, pois o corpo de João Miguel havia sido encontrado amarrado com um cabresto. “O item, por si só, leva a um indício de que seria alguém que pudesse mexer com cavalos. E aquele local de mato onde ele foi deixado também demonstra que [o assassino] era alguém que conhecia a região, por ser um local de difícil acesso”, completou a delegada.
Apesar das desavenças, o menino de 10 anos frequentava a casa do carroceiro. No entanto, o estopim dos problemas teria sido o sumiço do cavalo, que João Miguel havia pegado emprestado de Jackson, mas acabou fugindo. “Esse prejuízo, somado a vários outros, estava incomodando bastante a família do autor [do crime]”, afirmou Bruna Eiras.
Brutalidade
Em 30 de agosto de 2024, quando a família do menino registrou o desaparecimento da criança, João Miguel tinha ido à casa do carroceiro para vender um cigarro eletrônico que havia achado no lixo. A vítima sempre chegava acompanhada de um primo, mas, na ocasião, foi sozinho ao endereço. No imóvel de Jackson, havia apenas a companheira dele, uma adolescente de 16 anos, e o irmão do autor, também de 16 anos.
“Pode-se dizer que foi crime premeditado, porque eles tinham a intenção de praticar [o homicídio], mas não planejaram os detalhes. Eles chamaram o menino para fumar narguilé e, enquanto João Miguel acendia o item, a adolescente se posicionou por trás da vítima, pegou uma corda e a puxou pelo pescoço. Enquanto isso, o outro jovem de 16 anos deu murros e tapas no rosto da criança e colocou um vestido na boca dela, para que asfixiasse”, detalhou a delegada.
Após matarem o menino, os adolescentes enrolaram mais panos no corpo, vendaram os olhos da vítima e amarram os membros da criança com um cabresto. Depois de alguns minutos, o carroceiro e outro irmão dele, de 13 anos, chegaram à casa e viram a cena. “Eles colocaram João Miguel em um tonel amarelo de ração de cavalo; depois, em em cima de uma carroça; e o transportaram para o local onde o corpo foi encontrado”, completou a delegada-chefe da 8ª DP.
Cerca de 40 minutos após ocultarem o cadáver da criança, a adolescente de 16 anos postou uma foto com o cunhado de mesma idade, nos Stories do Instagram. A publicação chamou a atenção dos investigadores, pois tinha uma música que dizia: “E nossos inimigos, vamos eliminar. Mesmo que me custe a vida, a verdade vou falar”. Uma semana após o crime, os suspeitos ainda queimaram a bicicleta e os chinelos de João Miguel.
Veja imagens do local onde o corpo foi achado: