O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu suspender leis municipais de Águas Lindas de Goiás (GO) e Ibirité (MG) que vetam o uso de linguagem neutra nas escolas. O julgamento ocorreu no plenário virtual e foi encerrado às 23h59 desta segunda-feira (10).
Todos os integrantes da Corte seguiram o relator do processo, ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, não compete aos municípios legislar sobre conteúdo pedagógico. Essa seria uma atribuição da União.
Leia Mais
Moraes vota para confirmar suspensão de leis de MG e GO que proíbem linguagem neutra
Governo Milei proíbe linguagem neutra em toda a administração pública
Câmara dos Deputados aprova proibição de linguagem neutra em órgãos públicos
Os ministros Cristiano Zanin e André Mendonça foram os únicos que apresentaram voto em separado. Apesar de referendarem a tese de Moraes, ambos fizeram observações sobre o tema.
Zanin ponderou que a linguagem neutra “destoa” das normas da língua portuguesa.
“É certo que a língua é viva e dinâmica, sendo habitual que sofra mutações ao longo do tempo e conforme os costumes. Contudo, é preciso respeitar o corpo normativo vigente ao menos em documentos educacionais e oficiais de instituições de ensino, sendo de rigor o uso do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990”, escreveu.
Já André Mendonça fez a observação de que não “se afigura possível” impor o uso de variações linguísticas que não são previstas na língua portuguesa.
“O que não se afigura possível, a meu sentir, é que, por meio de lei editada por ente subnacional, se altere o paradigma ortográfico oficialmente vigente. Ainda mais complicada afigura-se a situação na qual impõem-se, de modo cogente, a utilização de variações não agasalhadas pelos padrões linguísticos que o país comprometeu-se a observar”, concluiu.
As ações julgadas pelo STF foram protocoladas pela Aliança LGBTI+ e pela Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas. As duas entidades alegam que as normas impõem censura e comprometem a liberdade de expressão e o direito fundamental de ensinar e de aprender.
As leis estabeleciam sanções como multas e suspensão de benefícios para as instituições que usassem a linguagem em material pedagógico, durante aulas ou eventos escolares.
Este conteúdo foi originalmente publicado em STF suspende leis municipais anti-linguagem neutra em escolas no site CNN Brasil.