Quando uma campeã do varejo como a Americanas afunda num buraco de R$ 20 bilhões –e a dívida pode ser o dobro– há mais perguntas do que respostas. A principal delas é grave: foi erro ou fraude?
A responsabilidade é de quem? Qual o papel de auditores externos, que ainda no fim do ano passado disseram que estava tudo bem com a contabilidade da Americanas?
Algumas das mais afiadas cabeças da advocacia no Brasil já estão engalfinhadas numa batalha jurídica feroz, de contornos ainda indefinidos.
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Cabe a quem correr atrás do prejuízo, que se estima que possa ser muito maior ainda e está se espalhando via mercado de capitais, mercado de crédito, estruturas de produção e do varejo?
E como fica a reputação de acionistas de referência que conquistaram manchetes como magos de um novo tipo de capitalismo?
Mas a grande questão, a mais abrangente, é a mais difícil.
A Americanas faz parte de um grande movimento internacional em torno da sigla ESG. Vem do “E” em inglês para environment – ambiente; do “S” para social – questões sociais; e do “G” para governance – governança.
No caso da Americanas, tudo muito elogiável em matéria de diversidade e ambiente. Mas, como é que fica a razão da existência de uma empresa com tanta gente dependendo dela? A tal da governança?
O debate em torno do que aconteceu na Americanas vai muito além de questões contábeis ou de advocacia. É quase filosófico: empresas existem para que, afinal?
Este conteúdo foi originalmente publicado em Waack: Empresas existem para que, afinal? no site CNN Brasil.