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Policlínica de Ceilândia oferece tratamento ao atraso de fala

Cerca de 360 meninos e meninas entre 3 e 4 anos participaram do programa Emília para Crianças com Atraso de Fala, iniciativa da Secretaria de Saúde (SES) que ensina aos pais e responsáveis técnicas para auxiliar no desenvolvimento da linguagem oral. O projeto está disponível no Ambulatório da Policlínica de Ceilândia. Podem participar pacientes encaminhados por pediatras e médicos de família por meio do Sistema de Regulação.

Disponível desde 2017 no Ambulatório da Policlínica de Ceilândia, o Programa Emília para Crianças com Atraso de Fala já atendeu a cerca de 360 meninos e meninas entre 3 e 4 anos | Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília

A proposta surgiu a partir da grande demanda por tratamentos na Policlínica de Ceilândia, que atende a Região Oeste (Ceilândia, Brazlândia e Sol Nascente/Pôr do Sol), para crianças com dificuldade de desenvolvimento de linguagem, de acordo com os marcos do instrumento de vigilância do desenvolvimento infantil, a Caderneta de Saúde da Criança.

“Não dava para atender toda a demanda de atraso de fala e linguagem em atendimento individual. Então, elaborei um programa baseado em evidências científicas de intervenção de pais e criança”
Renata Monteiro, fonoaudióloga idealizadora do projeto

“Criei por causa do fluxo. Não dava para atender toda a demanda de atraso de fala e linguagem em atendimento individual. Então, elaborei um programa baseado em evidências científicas de intervenção de pais e criança”, explica a idealizadora do projeto, a fonoaudióloga Renata Monteiro Teixeira, da SES.

O projeto consiste em 12 sessões de atendimento coletivo de 40 minutos a uma hora, com participação de até quatro famílias. O objetivo é que os responsáveis aprendam formas de estimular a evolução da linguagem oral das crianças no dia a dia. Entre as práticas, estão músicas, rimas, brincadeiras, brinquedos, leitura de história e até estímulos durante as refeições.

“É um trabalho de intervenção dos pais com as crianças. Ensinamos formas deles educarem brincando, com brinquedos simples e leitura de histórias para os filhos, por exemplo”, afirma Renata.

Na primeira sessão é feita uma entrevista com os pais, para entender a situação da criança. Muitos casos de atraso de fala e linguagem não têm uma causa definida. O problema pode estar relacionado a transtorno do espectro autista (TEA), prematuridade, desnutrição, falta de convívio com outras crianças, saúde instável, intercorrência no nascimento, na gestação e no parto (falta de oxigenação, permanência em UTI, diabetes gestacional, uso de drogas e álcool), além de questões associadas ao desenvolvimento psíquico, bem como à situação socioeconômica da família.

A fonoaudióloga Renata Monteiro explica que o trabalho consiste na intervenção dos pais com as crianças: “Ensinamos formas deles educarem brincando, com brinquedos simples e leitura de histórias para os filhos, por exemplo”

A cada quatro sessões, a criança deve ser levada até a consulta para ser analisada pela fonoaudióloga. As progressões também são avaliadas por meio de vídeos e fotos. Após a 12ª sessão, a criança recebe alta e passa a ser acompanhada pela Unidade Básica de Saúde (UBS).

Resultado positivo

Entre abril e outubro de 2020, a atendente comercial Aline Almeida dos Santos, 35 anos, participou do projeto ao lado do filho Arthur Santos Nascimento, hoje com 5 anos. “Conheci o programa durante a pandemia com o acompanhamento da fonoaudióloga Renata. Ela nos dava folhetos com exercícios a serem realizados em casa e nos orientava como fazer cada um deles todos os dias, com tempo de duração de no mínimo 20 minutos”, lembra.

As atividades deram resultado para o pequeno Arthur. “Foi muito bom. Ele melhorou a interação com outras pessoas e a capacidade de observação”, revela a mãe.

Responsável pela área de fonoaudiologia na Gerência de Serviço de Saúde Funcional, Ocânia da Costa Vale, diz que o programa tem sido muito positivo para dar vazão à demanda. “Foi uma solução para atender mais crianças. Esse programa é muito importante e funciona como se fosse uma clínica ampliada. É uma iniciativa que atende os três pilares: fazer com o paciente, fazer pelo paciente e deixar o paciente fazer”, avalia.

“Muitas vezes, os pais não sabem o que fazer por causa da falta de informação, mas eles podem fazer muito pelas crianças. A participação dos pais potencializa as estratégias terapêuticas, porque a criança é imersa nas práticas 24 horas por dia”, acrescenta.

Atualmente, a Policlínica de Ceilândia conta com seis fonoaudiólogos, sendo um direcionado especificamente para o Programa Emília. Além disso, há fonoaudiólogas nas UBSs 8 e 16 de Ceilândia, que fazem os acompanhamentos necessários dos pacientes após a alta.

Disseminação

O sucesso do Programa Emília em Ceilândia já chama atenção de outras áreas da Secretaria de Saúde. Existe uma intenção de que o projeto possa ser levado em um formato adaptado a uma unidade básica de saúde em Taguatinga. Para difundir ainda mais o programa e outras iniciativas da fonoaudiologia pública do DF, a Gerência de Serviço de Saúde Funcional criou o Boletim Fonoaudiologia. A primeira edição, publicada em 9 de dezembro do ano passado, explora o Programa Emília.

“Queremos transmitir esse tema para a população, para os fonoaudiólogos e para outros profissionais da saúde para que possam levantar essa demanda. Muitas vezes, a criança é atendida por um psicólogo, médico, agente de saúde e no próprio banco de leite, onde pode ser encaminhada”, explica Ocânia.

Mensalmente, o boletim vai abordar temas da fonoaudiologia que integram as atenções primária e secundária. Leia aqui a primeira edição.

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