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São Paulo tem inverno marcado por retorno das geadas, mortes de moradores de rua, queimadas, fuligem e recordes de calor no ano

A cidade de São Paulo se despediu, nesta quarta-feira (22), de um inverno marcado pelo reaparecimento das geadas, o registro da 3ª menor temperatura do século e a morte de 15 pessoas em situação de rua por hipotermia, em decorrência do frio intenso.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), apesar das frentes frias que ocorreram no período, a capital paulista teve média de temperaturas máximas de 24,7º e mínimas de 13,7º, ambas acima das médias históricas para a estação, ou seja, mais quentes.

Em temperaturas absolutas, a mais elevada foi de 35,7ºC, registrada pela estação do INMET no Mirante de Santana nesta segunda-feira (20). Já a mínima ocorreu em 30 de julho e foi de 4,3ºC, a 3ª menor temperatura registrada na cidade pelo instituto no século 21. Com isso, também voltaram a ocorrer geadas na capital, o que tem se tornado menos frequente desde a década de 1980 e não acontecia há quatro anos, segundo o Instituto de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP).

Também em 30 de julho, o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da prefeitura registrou – 3ºC em Engenheiro Marsilac, distrito da Zona Sul de São Paulo, batendo o recorde de menor temperatura já registrada em uma das suas 29 estações de meteorologia, desde que iniciou suas operações há 17 anos. Moradores da região registraram como foi o amanhecer naquele dia e as imagens foram amplamente divulgadas.

Devido ao tempo gelado, 15 moradores em situação de rua foram encontrados mortos na capital e a principal suspeita é de que a causa tenha sido hipotermia. A Prefeitura de São Paulo nega que os óbitos tenham sido em decorrência do frio, mas Robson Mendonça, presidente do Movimento Estadual dos Moradores em Situação de Rua de SP, garante que os atestados de óbito podem comprovar a relação entre as mortes e as baixas temperaturas.

Dos 93 dias de inverno, o CGE registrou precipitação, ou seja, chuvas ou chuviscos em apenas 23, sendo este mês de setembro o mais seco do período. Os analistas do órgão afirmam que a estação manteve sua característica fria e seca, mas que é possível relacionar o prolongamento da estiagem (seca) com a interferência do ser humano na vegetação, com o desmatamento de matas locais, assim como na região do Amazonas e do Centro-Oeste, que também têm influência na umidade que chega à São Paulo.

Outro aspecto que também provoca alterações nas condições climática é a prática das queimadas. Neste inverno, o número de focos de incêndio no estado foi de 4.565, o que representa um aumento de 28,2% em relação ao último ano, quando já havia sido registrado um aumento expressivo. Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apontam também que este é o maior número de queimadas para a estação na última década.

O incêndio no Parque Estadual do Juquery, na Grande São Paulo, em 22 de agosto, foi iniciado pela queda de um balão e causou uma “chuva de fuligem” em toda a capital, diminuindo a qualidade do ar, que já estava seco e quente, o que também contribuiu na persistência do fogo e na propagação das chamas.

Veja como foi o inverno mês a mês (de 21/06 a 22/09)

Junho

  • Chegada da 1ª frente fria do inverno, deixando as temperaturas abaixo de 20ºC;
  • 7 pessoas em situação de rua morreram de hipotermia entre os dias 29 e 30/06;
  • Qualidade do ar ‘moderada’ devido à maior concentração de poluentes, característica da chegada do inverno;

Julho

  • 1ª geada da capital em quatro anos;
  • Termômetros marcaram 4,3°C em 30/07, dia mais frio do ano e 3ª temperatura mais baixa registrada pelo Mirante de Santana neste século;
  • Ocorrência de temperaturas negativas em Engenheiro Marsilac, na Zona Sul da capital. Em 30/07, CGE marcou – 3°C na região, menor valor registrado pelo órgão desde o início de seu funcionamento, há 17 anos;
  • Chega a 15 o número de mortes de pessoas em situação de rua na capital em decorrência de hipotermia, provocada pelo frio intenso – maior número já registrado pelo Movimento Estadual da População em Situação de Rua de SP;
  • Umidade do ar chegou a atingir brevemente 9% no dia 19/07 – menor valor já registrado pelo Mirante de Santana desde que começou suas operações, há 15 anos;
  • Qualidade do ar permaneceu na classificação ‘moderada’, com momentos pontuais em ‘ruim’;

Agosto

  • Temperaturas máximas e mínimas ficaram, em média, mais quentes do que o usual;
  • Termômetros chegaram a indicar 32,8°C em 26/08 – maior valor para o mês em 58 anos;
  • 2.277 focos de queimadas no estado – segundo maior valor regi desde o começo das medições realizadas pelo INPE, há 23 anos;
  • Umidade do ar mais baixa foi de 14% em 19/08;
  • Qualidade do ar variou entre moderada, ruim e muito ruim para partículas poluentes inaláveis;
  • Altas temperaturas propiciaram a formação do poluente Ozônio, conhecido como “gás do efeito estufa”, que chegou a atingir qualidade ruim e muito ruim – historicamente as maiores concentrações desse gás ocorrem no verão e na primavera, por conta da maior incidência solar;

Setembro

  • Termômetros marcaram 35,7°C em 20/09, maior temperatura do ano e 3ª mais elevada para o mês em 77 anos;
  • Menor nível de precipitação (chuvas) do inverno, com volume de apenas 29,9mm, cerca de 65% abaixo do esperado pelo INMET;

Equinócio de Primavera

A primavera começa com a ocorrência de um fenômeno astronômico chamado Equinócio, no qual a Terra se inclina de tal forma que os hemisférios Norte e Sul recebem a mesma quantidade de luz solar, fazendo com que dia e noite tenham praticamente a mesma duração (12h).

Em 2021, o Equinócio de Primavera ocorreu nesta quarta-feira (22), às 16h21, colocando um fim ao inverno e determinando o início da estação que tende a ser marcada por um prolongamento no período diário de luz solar e por maiores amplitudes térmicas diárias, que são as diferenças entre temperaturas máximas e mínimas registradas em um mesmo dia, segundo o prognóstico do INMET.

Fonte: G1.

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