Água ainda apresentava cor e gosto estranhos (JAN/2020) e Cedae diz que o carvão será aplicado apesar de todos os testes realizados terem apontado que a água está dentro dos parâmetros exigidos pelo Ministério da Saúde.
Moradores de várias regiões do Rio de Janeiro continuam reclamando da qualidade da água fornecida pela Cedae. A água ainda apresentava cor e gosto estranhos nesta quinta-feira (9) mesmo após testes realizados pela Vigilância Sanitária, que liberaram o uso do produto fornecido pela companhia.
Rosa Maria Esteves, moradora do Grajaú, Zona Norte, afirmou que o cheiro de cloro é muito forte.
“Hoje, ela está mais clarinha. Mas, o cheiro de cloro está muito forte ainda. E o gosto né, tem um gosto ruim”, disse.
- Principais mananciais de água que abastecem o Rio de Janeiro estão poluídos
- Esgoto deságua no Rio Guandu perto de posto da Cedae e aumenta proliferação de algas
Carvão ativado será colocado na água
A Cedae informou que adotará, em caráter permanente, a aplicação de carvão ativado pulverizado no início do tratamento da água, apesar de todos os testes realizados terem apontado que a água fornecida está dentro dos parâmetros exigidos pelo Ministério da Saúde.
A decisão será para reter a geosmina, substância gerada por algas, caso esse fenômeno volte a ocorrer, explicou a companhia em nota na noite desta quinta-feira (9). A Cedae informou já deu ordem para a aquisição que deverá ser aplicada nos próximos dias.
De acordo com a companhia, o método já vem sendo utilizado por outros Estados (São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul), onde o problema tem maior recorrência.
Na última vez em que a Cedae identificou a presença de geosmina na água foi em 2004 e, à época, avaliou-se que não seria necessário adotar medida semelhante”, explicou a empresa.
A Cedae informou ainda que a geosmina não apresenta risco à saúde.
Análise independente
Como mostrou o RJ2, técnicos independentes recolheram amostras de água no ponto de distribuição da Cedae, que abastece caixa d’água da casa do motorista José Aírton Amorim. De acordo com testes feitos em laboratório credenciado pelo Inmetro, foram identificadas colônias de bactérias em quantidade muito maior do que a referência indicada pelo Ministério da Saúde.
“Essa água não deve ser consumida porque um dos parâmetros apresentou resultado muito fora, acima de 10 vezes (…) em si, não faz mal a saúde, mas podem propiciar ambiente para outras bactérias”, afirmou o engenheiro sanitarista e ambiental da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Gandhi Giordano.
Também nesta quinta, O Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente do Ministério Público do Rio de Janeiro disse que planeja realizar uma vistoria com os órgãos ambientais e de vigilância sanitária nos próximos dias.
Testes da Vigilância Sanitária liberam água
Ficaram prontos nesta quinta-feira (9) os últimos testes feitos em 50 amostras recolhidas em sete bairros pela vigilância sanitária municipal. De acordo com o laudo, nenhuma delas apresentou alterações nos parâmetros avaliados pela vigilância, de acordo com protocolos do Ministério da Saúde.
Nas amostras recolhidas, não foram verificadas alterações na água nos quesitos turbidez, PH, cloro, flúor, coliformes totais e echerichia coli, uma bactéria que pode provocar gastroenterite.
A Vigilância Sanitária afirmou, que essa análise de laboratório não verifica a existência de substâncias como a geosmina, liberada por algas e identificadas pela Cedae e nem de outras substancias químicas que podem gerar problemas de saúde.